Ansiedade e mundo interno: sussurros do inconsciente
- Renata Dose
- há 6 dias
- 2 min de leitura

Sentir ansiedade é algo comum. Mas o que exatamente ela quer nos dizer?
Na vida cotidiana, costumamos associar a ansiedade a eventos externos: prazos, decisões, responsabilidades. No entanto, na clínica psicanalítica, observamos que a ansiedade muitas vezes não nasce do presente, mas de camadas mais profundas da vida psíquica, é o mundo interno que se movimenta.
Freud foi quem primeiro propôs que a ansiedade não é apenas uma emoção, mas um sinal psíquico. Para ele, trata-se de uma resposta do ego diante de um conflito entre desejos inconscientes e proibições internas. Quando o eu não encontra uma saída simbólica para esse conflito, a angústia emerge como um alerta.
Ferenczi ampliou essa escuta ao considerar a ansiedade como um possível resíduo traumático da infância, especialmente quando experiências intoleráveis foram vividas sem que houvesse um adulto emocionalmente disponível para ajudá-las a ganhar significado. Nestes casos, o que não pôde ser simbolizado no passado retorna como sintoma no presente ,um sintoma que não fala, mas insiste.
Winnicott, por sua vez, nos oferece uma leitura importante sobre o papel do ambiente. Para ele, a ansiedade pode surgir quando há falhas no ambiente suficientemente bom, sobretudo nos estágios iniciais da vida. Nesses casos, não se trata de um medo de algo específico, mas de um medo do colapso psíquico, vivido como ameaça à própria continuidade do ser.
André Green acrescenta uma visão sobre o vazio interno e a negatividade psíquica. Em algumas estruturas, a ansiedade pode ser uma tentativa desesperada da mente de preencher um vazio afetivo. É uma movimentação psíquica frente ao que não foi simbolizado, um esforço para evitar a estagnação do pensamento.
Assim, a ansiedade deixa de ser apenas um sintoma a ser eliminado. Ela se torna um sinal de que algo no mundo interno está pedindo escuta. E essa escuta, na psicanálise, não é uma resposta pronta, mas uma construção conjunta, feita na transferência, na repetição, no sonho, no silêncio.
👉 O corpo que se agita, o coração que acelera, o pensamento que não para: tudo isso pode ser a linguagem do inconsciente pedindo espaço. Sussurros de uma história que ainda não pôde ser contada.
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