Por que nos sabotamos quando mais desejamos mudar?
- Renata Dose
- 30 de jul.
- 3 min de leitura

Entre o desejo de transformação e o medo inconsciente de perder quem somos.
Caminhos Que Bifurcam
Você já se perguntou por que, justamente quando mais desejamos mudar, sair de um relacionamento tóxico, aceitar um novo desafio profissional, iniciar uma análise,surgem obstáculos internos que nos paralisam, confundem ou nos fazem desistir?
Freud foi o primeiro a apontar que, por trás de escolhas conscientes, atuam forças inconscientes que moldam silenciosamente nossos atos e repetições. O que parece ser "autossabotagem" pode, na verdade, ser um conflito psíquico não elaborado: o sujeito deseja algo novo, mas teme, inconscientemente, o que essa mudança pode representar.
O Desejo Dividido
No coração da psicanálise está a ideia de que o sujeito é dividido. Queremos, ao mesmo tempo, seguir em frente e nos manter fiéis a padrões psíquicos antigos, muitas vezes herdados de nossas primeiras experiências de amor, dor, frustração ou rejeição.
Freud, em O Eu e o Isso (1923), descreve como o "Eu" tenta conciliar as exigências do "Isso" (o inconsciente e seus desejos reprimidos), do "Supereu" (a instância moral, crítica, herdada dos pais) e da realidade. Quando esses vetores se opõem, surge o conflito. A mudança ameaça o equilíbrio, por mais sofrido que ele seja. E o sujeito recua.
Por Que Resistimos À Mudança?
Resistimos porque mudar é também perder: perder a identidade que construímos em torno da dor, da repetição, das defesas. Como disse Jacques Lacan, “a verdade tem estrutura de ficção”, romper com o conhecido, mesmo que disfuncional, exige encarar a angústia de perder o que, por muito tempo, foi o modo de existir.
Ferenczi, ao tratar da “confusão de línguas” entre o adulto e a criança, mostra como experiências precoces podem instalar traumas que reorganizam o aparelho psíquico em torno de uma lógica de obediência, culpa e autoanulação. Em muitos casos, desejar algo bom,prazer, sucesso, liberdade, pode acionar esses registros traumáticos, provocando culpa ou ansiedade.
Quando A Análise Se Torna Necessária
O processo analítico convida o sujeito a se escutar de forma profunda, sem julgamento. A escuta do inconsciente, com suas repetições, lapsos e sonhos, permite dar forma ao que antes era apenas sintoma. Na análise, os impasses deixam de ser vividos como fracassos pessoais e passam a ser compreendidos como defesas psíquicas que um dia foram necessárias, mas hoje impedem o novo.
Ao nomear esses conflitos, tornamo-nos menos reféns deles. Não se trata de eliminar o inconsciente, mas de ampliar a margem de liberdade frente às repetições. Como dizia Freud, onde havia isso, que o eu venha a ser.
Um Convite À Travessia
Muitas vezes, diante de um caminho bifurcado, nos sentimos tentados a seguir pela estrada já conhecida, mesmo que ela nos leve à dor. A análise nos ajuda a escolher conscientemente, com menos medo e mais responsabilidade subjetiva. A mudança real não vem pela força de vontade, mas pela escuta profunda de si mesmo.
✨ Está na hora de cuidar de você!
Se você sente que está vivendo ciclos repetitivos, ou percebe que se sabota quando mais deseja seguir em frente, a análise pode ser o caminho para transformar esse movimento.
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O primeiro passo não precisa ser solitário.
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